Por Álvaro Guimarães e Júlia Moreira
Os ataques misógenos promovidos contra o time de fustal feminino infantil da Escola de Futsal E. C. Pelotas & Princesas do Sul do Futsal ocorridos no dia 3 de novembro, durante a final de um campeonato disputada no Ginásio do Paulista, será apurada pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Na próxima quarta-feira (13) uma comitiva da equipe viaja a Porto Alegre a convite da deputada estadual Luciana Genro (PSol) para apresentar o caso na reunião da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos (CDH). Na semana passada os representantes do time estiveram na Câmara de Vereadores de Pelotas, que também deve apurar o caso através da Comissão de Esportes.
Conforme denúncia feita pela coordenadora da Escola de Futsal E. C. Pelotas & Princesas do Sul do Futsal, Gabriela Salvador, na noite do domingo (3) através da redes sociais, as jogadoras do time com idades entre 12 anos a 13 anos foram atacadas verbal e fisicamente por pais dos atletas da escolinha JR Futsal, com quem disputavam a final do campeonato da Liga Zona Sul. Por falta de outra equipe feminina, as meninas do Pelotas jogaram o torneio contra times formados por meninos.
Durante a partida, entre o Pelotas x JR, as atletas e a comissão técnica do Pelotas escutaram frases como “bate nessas vagabundas”, “lugar de mulher não é jogando”, “vão para a casa lavar louça”, entre outros palavrões e lançamento de água e objetos contra as meninas.
“As meninas foram humilhadas. Foram xingamentos direcionados por serem meninas e não por causa do jogo. Vamos a Porto Alegre por causa da violência que sofreram. A quadra deve ser um local seguro, onde qualquer criança deve poder jogar. Nosso questionamento é que se pais e responsáveis agiram daquele modo, estavam ensinando seus filhos a serem assim, além disso houve um perigo iminente a segurança das crianças. Vamos a Porto Alegre para questionar se é esse o ambiente que queremos nas quadras do Rio Grande do Sul”, argumenta Gabriela.
O técnico Tiago Bittencourt disse ter ficado espantado com a omissão da comissão técnica equipe adversária e dos guardas municipais presentes no ginásio frente aos ataques. “Encontramos um cenário de guerra. Houve uma sequência de erros e omissões nesse episódio, a primeira foi a da equipe de arbitragem por não ter parado essas agressões, pois identificaram os agressores e não tomaram nenhuma atitute. A comissão técnica adversária também, pois conhece os agressores e dos representantes da guarda municipal que não tomaram nenhuma atitude. A gente quer respeito e que elas tenham o espaço que é delas por direito e que outras meninas não passem pelo que elas passaram”, disse.
Os dirigentes do Pelotas denunciam, ainda, que os ataques não foram registrados na súmula da arbitragem, nem tampouco foram alvo de qualquer ação por parte dos árbitros escalados para partida.
O que diz a Liga
A equipe do NDC entrou em contato com representantes da Liga Zona Sul de Futsal e ainda aguarda um posicionamento sobre o caso. Assim que recebido, será publicado.