Por Rafaela Stark
Nos próximos dois domingos, milhões de brasileiros irão realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e em Pelotas não será diferente. Com cerca de 17,7 mil candidatos inscritos, uma alta significativa em comparação aos 10 mil da prova do ano passado, a expectativa para o exame é grande.
Com cinco horas e meia de duração, o primeiro dia de prova conta com 45 questões de linguagens – sendo 5 delas em inglês ou espanhol -, outras 45 de ciências humanas e a redação. Entre as maiores apostas para o tema estão crises climáticas, inteligência artificial e o uso do celular e outras tecnologias nas escolas. Já no dia 10, os participantes terão somente cinco horas para completar as 90 questões que englobam as ciências exatas e da natureza.
Mesmo que a prova seja considerada democrática e a melhor oportunidade de alcançar o tão sonhado ensino superior, alguns grupos têm maior vantagem sobre outros. Questionada sobre a preparação acadêmica dos alunos para o exame, a professora de física Larissa Bilhalba, acredita que há uma discrepância entre estudantes do setor público para a rede privada. As razões são as mais variadas: desde a carga horária de estudo que cada rede possui até a desigualdade social que aumenta essa disparidade. Para a educadora, seu sonho é que todos pudessem usufruir das mesmas oportunidades de estudo.
Ensino de qualidade para todos
A fim de oportunizar a entrada da classe popular na Universidade Pública, o projeto de extensão “Desafio Pré-Universidade”, oferece um curso preparatório para o Enem totalmente gratuito para quem precisa. De acordo com os preceitos do programa, o principal objetivo é preparar pessoas em situação de vulnerabilidade social, apelando para uma abordagem crítica, inspirada nos princípios da Educação Popular de Paulo Freire.

Os responsáveis por ministrar as aulas são voluntários, em maioria, estudantes da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), casa do projeto que completou 30 anos em 2023. Segundo a coordenadora-geral do Desafio, Cátia Carvalho, o índice de aprovação no Enem é de 70%.
A experiência de prestar vestibular
O estudante de Bacharelado em História na UFPel, Patrik Fonseca, é um dos inúmeros beneficiados pelo projeto. Proveniente de escola pública, o jovem de 22 anos explicou que ficou muito nervoso ao participar do Enem no ano anterior. “Era a primeira vez que estava prestando o vestibular, então eu estava bem ansioso e também nervoso por conta do número de questões e também da redação”, conta. No entanto, o futuro historiador afirmou que se sentiu emocionalmente preparado graças ao apoio familiar, dos amigos e do namorado.
Patrik também fala do suporte acadêmico que obteve através do Desafio. Por razões pessoais, ele precisou deixar as aulas e estudar por conta, mas reconhece a base forte e o direcionamento que ganhou no tempo de projeto. “De modo geral, prestar o enem foi uma experiência cansativa e ao mesmo tempo me conectou com áreas de estudo que nem sabia que gostava. Foi a prova que me trouxe até o ambiente universitário que estou hoje”, justifica Fonseca.
Vivendo em uma realidade bem diferente, Isabele Luizi Rodrigues, aluna do terceiro ano de uma escola da rede privada de Pelotas, diz estar segura para certas áreas abordadas no exame. Ela se considera privilegiada por poder estudar em uma instituição particular, cujo ensino é voltado para o Enem e apresenta uma grade curricular mais ampla do que a disponível no ensino público.
Apesar disso, Isabele – que almeja a aprovação em Odontologia – está bem nervosa para o segundo dia, visto que suas maiores dificuldades se concentram em áreas das exatas e natureza. Para tentar relaxar e diminuir o estresse, a jovem conversa com seus professores que já são craques em dar dicas para aliviar a pressão psicológica.
Quando o nervosismo bate, é preciso relaxar
Os últimos trinta dias que antecedem o Enem talvez sejam os mais tensos do ano letivo, tanto para professores quanto para os alunos. A expectativa em cima dos educadores para que atinjam um nível de excelência no ensino e preparo dos conhecidos “enemzeiros” é gigante. A professora Larissa Bilhalba procura passar esse tempo focando em exercícios e abordagens que costumam cair no vestibular, praticando ao máximo com seus alunos.
Ao ser questionada sobre dicas que passa para seus vestibulandos, ela salienta o bem-estar físico e emocional por meio de atividades simples:
- Ter uma boa noite de sono;
- Comer uma refeição que goste no dia anterior, mas sem exageros;
- Controle da respiração;
- Podem ter momentos em que o candidato vai esquecer de alguma fórmula, caso isso aconteça, pular para próxima questão e voltar nela depois é a melhor saída;
Com esses pequenos detalhes, é possível passar pelos dias pesados de prova de maneira mais leve e sem maiores intercorrências.