Por Samira Lucas e Sarah Cremonini
Pelotas é uma cidade que respira arte, especialmente em final de ano. A tradição dos espetáculos de dança se torna mais forte a cada ciclo que se encerra no mês de dezembro com o fim das aulas nas academias de dança da cidade. Com apresentações para diversos públicos, os eventos reúnem consagradas e promissoras companhias de danças locais para espetáculos únicos no palco do Theatro Guarany.
P U B L I C I D A D E
A Escola de Ballet Diclea Ferreira de Souza, companhia com mais de 60 anos na cena artística pelotense, já está consolidada como um dos espetáculos mais esperados do ano. Neste ano, a escola de dança levou ao palco do Theatro Guarany – a principal casa de arte ativa no município – o espetáculo “O Quebra Nozes”, de E.T.A. Hoffman, um dos maiores clássicos de Natal.
A apresentação que emocionou e encantou os presentes no último dia 10 de dezembro, contou com duas sessões especiais: uma pré-estreia especial para os alunos da rede pública municipal e, em seguida, uma apresentação para o público geral. Com um elenco de mais de 60 alunos, a montagem deste ano contou também com a participação dos bailarinos do projeto social “A Magia da Dança” feita pela academia em parceria com escolas municipais, somando mais de 100 artistas no palco do Guarany.
Para esta semana, o teatro receberá verdadeiros shows todos os dias. Para prestigiar, basta acessar o Instagram do Theatro e se informar sobre vendas de ingressos, que estarão disponíveis nas bilheterias da recepção do local.
Segunda-feira, 16 de dezembro
A segunda-feira começa agitada com “O Segredo do País das Maravilhas”, apresentado pela Escola de Dança Caju. O espetáculo de dança dirigido por Julia Caldeira começa às 20h30 e ainda tem ingressos disponíveis no site Ticket Center.
Terça-feira, 17 de dezembro
No dia 17, às 21h, a Academia Corpo e Dança apresenta o espetáculo “Nossos Sonhos” a partir das 20h no palco do Theatro Guarany. Após meses de ensaios intensos, o elenco de 73 bailarinos formado por crianças, adolescentes, adultos e idosos, o grupo apresentará ao público cerca de 20 coreografias que irão viajar pelos gêneros de dança contemporânea, estilo livre, jazz e dança de salão (bolero, bachata, forró, samba de gafieira e soltinho).
Caren Jensen, proprietária e professora de dança da Academia, comenta que a expectativa para o espetáculo é de que as pessoas assistam e se identifiquem também vivendo esse sonho: “ [A ideia é] que as pessoas também entrem nesse portal e acreditem, que elas acreditando nessa positividade, com certeza o mundo pode ser melhor”, conta Jensen.
Os ingressos para o espetáculo podem ser adquiridos com os alunos ou pelo Instagram da Academia Corpo & Dança.
Quarta-feira, 18 de dezembro
No meio dessa maratona espetacular, o Clube Brilhante traz o “Sonho na Floresta Encantada”, que leva bailarinos de todas as idades aos palcos do teatro, vai contar com diversas coreografias que remetem à natureza. Utilizando elementos para além dos passos de dança, o espetáculo deste ano contará com figurinos e cenários especiais para cada turma que irão auxiliar na narrativa da história escolhida como tema da apresentação deste ano.
Para garantir o seu ingresso, entre no site “Minha Entrada” e selecione o seu ingresso.
Quinta-feira, 19 de dezembro
Para a quarta noite de espetáculos, a Escola de Ballet Pless apresenta o “La Source”, um show de inovação e criatividade que honra a essência da dança da escola. O início dessa experiência está marcada para às 21h, ingressos antecipados podem ser adquiridos pelo valor de R$65 com os alunos. Para mais informações, entre em contato através do telefone (53) 99119-2487.
Sexta-feira, 20 de dezembro
Encerrando esse dia, a Escola de Dança Adágio traz uma infinidade de estilos para o Guarany a partir das 20h30. Com o nome “Pelo Caminho de Tijolos Dourados”, os bailarinos trarão diversas coreografias que darão vida para o show inspirado no clássico do “O Mágico de Oz”.
Para Júlia Alves, bailarina há 15 anos e professora na companhia, o processo de preparação do espetáculo é extremamente detalhista e pensado minuciosamente. “Primeiramente, após o estudo da proposta coreográfica, é feita a coreografia e passada para os bailarinos”, conta ela.
Após esse primeiro momento, os dias se seguem em uma sequência de ensaios onde professores e alunos iniciam o processo de limpeza e refinamento dos movimentos, em que são trabalhadas a expressão, sincronia e posicionamento de palco. Com a preparação acontecendo desde janeiro, Júlia destaca que na reta final os ensaios se tornam ainda mais intensos e focados. “Treinamos todas sextas, sábados e domingos, às vezes algum dia durante a semana também é necessário”, detalha a professora ao relatar como estão as últimas semanas de ensaio antes do grande dia.
Ingressos para o espetáculo podem ser adquiridos diretamente com os alunos e professores da Escola Adágio. Para entrar em contato, acesse o Instagram da companhia.
A arte resiste
Para que essa incrível tradição seja mantida, é necessário muito trabalho e dedicação. Taison Furtado, bailarino, professor e coreógrafo do Oxfur Studio, destaca que a descentralização de espaços artísticos é um aspecto positivo no cenário pelotense, pois possibilita que a arte esteja em todo lugar e a qualquer momento: “Isso faz com que pessoas que não tem carro, não tem estrutura para estar no centro o tempo inteiro também possam consumir isso”.
Porém, apesar de hoje ser possível encontrar espaços de dança em diversos bairros da cidade, os palcos de Pelotas ainda são muito restritos, com o Theatro Guarany sendo um dos únicos lugares encontrados pelas academias para exibir os seus espetáculos, destacando a falta que um segundo teatro faz no cenário artístico pelotense.
Considerado um grande ponto negativo, Taison afirma que a inatividade do Teatro Sete de Abril é “uma grande perda para a classe artística da cidade”. Por ser um espaço pertencente ao poder público, a não finalização das obras internas e externas no edifício fazem com que diversas academias do município optem por não produzir um espetáculo de fim de ano, reduzindo à arte a poucos e determinados espaços que nem sempre são financeiramente acessíveis para as escolas que decidem investir na apresentação.
A diretora da Corpo & Dança também destaca a importância da reabertura do Teatro Sete Abril para os artistas. Por ser um local público, esse fator já seria um grande motivador para que mais companhias, de médio ou pequeno porte, pudessem tirar as suas ideias do papel e levar a sua arte para o público pelotense, sem ter que se preocupar com os altos valores de produção, mas sim com a qualidade das coreografias a serem apresentadas.
